quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Súmario das atividades do GT em 2010

04/março – Reunião
Proposta: Discutir os Vídeos:

Debate entre Tariq Ramadan e Ayaan Hirsi Ali ( 25 min) sobre isla e islamofobia . Disponível em : http://www.tariqramadan.com/spip.php?page=multimediaen

Fitna, produzido por Geert Wilders, exemplo de islamofobia. Disponível em:
http://www.themoviefitna.com/?page_id=47
http://www.liveleak.com/view?i=216_1207467783

08/abril – Reunião
Texto discutido:
Walter Laqueur, “The Origins of Fascism: Islamic Fascism, Islamophobia, Antisemitism” Disponivel em:
http://www.laqueur.net/index2.php?r=2&rr=4&id=49

27 de abril, - Palestra

Local: Auditório da ECA / USP
Tema: Intolerância no Oriente Médio
Palestrantes: Flavio Azm Rassekh, Ania Cavalcante e Peter Demant.
Mediação : Ariel Finguerut

06 de maio- Reunião
Textos discutidos:

Ibn Warraq, Why I am not a Muslim. New York: Prometheus, 2003 (1995,1st).pag.86-103,(Ch.4:“Muhammad and his message”). Robert Spencer, The Politically Incorrect Guide to Islam and the Crusades. Washington, D.C.: Regnery, 2005.
pp. 19-63 (cap.. 2: The Qur’an: Book of War, 3: Islam: Religion of War, e 4 Islam: Religion of Intolerance”) e pp. 221-231(Ch. 18: “The Crusade we must fight today”).

10 de junho – Reunião

Texto discutido:
Oriana Fallaci, “Rage and Pride“ Disponível em: http://digilander.libero.it/september11/Oriana%20Fallaci.htm

20 de julho - Visita a Mesquita Brasil - Sociedade Beneficente Muçulmana do Brasil.

05 de agosto – Reunião
Texto discutido: Abdelwahab Bouhdiba, A Sexualidade no Islã, Cap. 4 – A Fronteira dos Sexos e a conclusão

19 de agosto – Reunião
Texto discutido: MERNISSI, Fátima. Beyond the Veil: Male-Female Dynamics in Modern Muslim Society. Indiana Press, 1987.

16 de setembro – Filme : This is Not Iran
Debate com o cineasta Flavio Azm Rassekh

22 de setembro - Palestra com o pesquisador alemão René Wildangel

28 de outubro – Reunião

Textos discutidos: A Mulher no Islã ; O Islã é...; “Breve Guia Ilustrado para Compreender o Islã”
Autores: Pete Seda, Abdel Azim e I.A Ibrahim

11 de novembro – Reunião
Textos discutidos:

WATSON, Helen. “Women and the veil: personal responses to global process”. In: AHMED, Akbar and DONNAN, Hastings. Islam, globalization and post modernity. London and NY: Routledge, 1994. E WEISS, Anita M. Challenges for Muslim women in a postmodern world. In: AHMED, Akbar S & DONAN, Hastings (ed.) Islam, Globalization and Postmodernity. London: Routledge, 1994. P. 127-140


16 de novembro – Palestra

Tema : A invasão israelense e a(s) guerra(s) do Líbano: geoestratégias em confronto (1982-87)
Local: Anfiteatro da Historia da USP.
Palestrante: Ramez Philippe Maalouf
Comentador : Peter Demant
Mediação: Carolina A. de S. Ribeiro


23 de novembro – Palestra

Tema: Liberdade de Imprensa e Direitos Humanos no Irã
Local: Auditório da ECA
Palestrante: Roxana Saberi
Mediação: Ariel Finguerut

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

terça-feira, 30 de novembro de 2010

I Seminario Temático do GT : Adiado!

Caros Colegas


Nosso seminario tematico , inicialmente previsto para o dia 09 de dezembro sera adiado para o primeiro semestre de 2011 na expectativa de conseguirmos mais recursos e mobilizar mais pessoas.

Muito obrigado,

domingo, 28 de novembro de 2010

Relatório da Reunião do GT do dia 11 de novembro.

Texto: WATSON, Helen. “Women and the veil: personal responses to global process”. In: AHMED, Akbar and DONNAN, Hastings. Islam, globalization and post modernity. London and NY: Routledge, 1994.

Resumo ( por Cila Lima)

Para Helen Watson, usar o termo ‘véu’ como generalização é um exercício de “reducionismo enganoso”, pois há diversos estilos de vestimentas femininas, por exemplo, podem-se encontrar os uniformes “capas pretas” usados por mulheres na pós-revolução do Irã, os exclusivos “modelos de lenços” de mulheres da aristocracia egípcia ou lenços brilhantes e coloridos de garotas camponesas turcas, e tantos outros.
Os motivos de “unidade e diversidade” do uso do véu, segundo a autora, podem ser resumidos em: a) variações locais do Islã; e, b) princípios e práticas universais que podem ser usadas para enfocar a questão de hijab (modéstia religiosa) e “velamento”. O aspecto universal de cada um desses estilos de se vestir origina-se em objetivos formais simbólicos e práticas de hijab para preservar a modéstia e omitir a vergonha da nudez.
A autora faz uma distinção não muito clara entre concepções sobre o uso do véu por autores não-muçulmanos e autores muçulmanos, segundo ela, os primeiros comumente consideram esta vestimenta como opressiva e objeto de exclusão das mulheres e o segundo, ao contrário, vêem este objeto (traje) como libertador da mulher com vantagens estratégicas de “anonimato público” (p. 141). Porém, essa separação feita por Watson, parece poder ser menos rígida, é possível listar alguns nomes de autores muçulmanos que consideram o véu como símbolo de opressão e exclusão das mulheres, por exemplo, as autoras Fatima Mernissi, socióloga feminista marroquina e Nawal al-Saadawi, feminista, médica egípcia.
Para Helen Watson o potencial dialético entre o “constrangimento” e “liberalização” pelo véu é a mais complexa dimensão prática e simbólica (p. 142). Para ela o debate sobre o véu é parte integral das discussões da pós-modernidade invocando temas pós-modernos, como estilos, iconografia, consumismo, assuntos de poder e representação.
A intenção da autora neste artigo é considerar o véu como um processo global e interpretar esse processo à luz de respostas individuais subjetivas, para isso ela examina como o hijab é percebido e experenciado no plano local através de entrevistas a três mulheres: uma garota universitária nascida e residente na Inglaterra, uma operária de meia idade nascida e residente na Argélia, que viveu na França por 10 anos e uma senhora comerciante de vegetais no Egito (p. 142/148-151)
A extensão das atitudes representadas pelo contar dessas mulheres sobre o significado do véu sugere que, segundo Watson, “não há uma única postura islâmica com relação ao hijab”. É percebido como sendo um assunto de escolha pessoal, um caminho de fazer uma afirmação sobre uma posição social e algumas vezes uma obrigação religiosa e um estilo tradicional de vestir-se (p. 143). (a autora aqui desconsidera o caráter de gênero no uso véu, embora ao longo do artigo ela resgate esse caráter).
Watson ressalta que no plano geral é importante reconhecer os significados das roupas e o papel da moda como um indicador de status social e identidade individual; reconhecer também o significado das dimensões pessoais e políticas de hijab como uma forma social requerida (desejável) de vestir-se e pessoalmente como um artigo escolhido de roupa; e, reconhecer também o significado do véu com o enfoque nos dois ângulos inter-relacionados: o religioso escritural e o sócio-cultural (p. 142-143).
Com o objetivo de direcionar princípios universais de hijab e as bases fundamentais dos debates sobre a natureza do hijab, a autora examina alguns conceitos de vestir-se com modéstia estabelecida no Alcorão, cujo conceito de modéstia (sitr al-’aura) significa literalmente cobrir-se a nudez (p. 143).
Há no Alcorão instruções específicas para as mulheres no verso 24; 30-1: baixar o olhar, ser modesta, cobrir o dorso e os peitos, mostrando seus adornos somente para seu marido e pai (p. 143).
No Islã, segundo a autora, há categorias fundamentais para regular a relação entre homens e mulheres, são “o estado desejável” (nikah – também traduzido como casamento) e o “estado proibido” (zina – a relação ilícita) (p.143). Essas categorias são válidas para homens e mulheres, porém, ressalta a autora, tem sido dado maior focus ao que se pensa ser os perigos que a sexualidade das mulheres põe na ordem social (p. 144), pois os juristas muçulmanos consideraram que as mulheres são as maiores fontes de fitna (desordem social) (p.144).
Há em geral consenso de que haja partes do corpo que devem ser cobertas para evitar a vergonha e obter-se modéstia, no entanto, para as mulheres tem sido prescrito cobrir o corpo inteiro com exceção da face, das palmas das mãos e das solas dos pés (p. 144).
As referências alcorânicas ao vestir, à modéstia e à nudez necessitam, para Watson, serem examinadas em cronologia e contexto textual. Para isso, ela elenca algumas passagens resumidas aqui: 1) Sura al-a’raf 7; 22, a perda da inocência de Adão e Eva com o reconhecimento de sua vergonha e nudez. Para a autora o ponto chave dessa Sura é que ela distingue entre o conceito de vergonha e de nudez e o conceito de um estado de piedade alcançado através da fé. Cobrir a nudez não é necessariamente uma atitude de piedade, pois o conceito de piedade só se realiza através da fé (p.144);
2) Sura an-nur 24; 31 e 24; 60 homens e mulheres são igualmente ordenados a preservar a modéstia, mas há referência particular a vestimenta feminina, por exemplo, as mulheres mais velhas (solteiras ou viúvas) que não consideram mais a possibilidade de se casarem estão livres do uso do véu ou capas (p.144);
3) Sura al-ahzab 33; 53 e 33; 59, o véu é também representado como um signo de identidade e uma segurança contra as mulheres serem molestadas (p. 144-145).
4) As referências alcorânicas do vestir e modéstia também se voltam para os domínios públicos e privados, Sura 24; 31, o Alcorão instrui as mulheres a cobrir seu dorso e peitos com véu na presença de estranhos, não parentes, nos interiores dos espaços domésticos e na Sura 33;59 quando é prescrito às mulheres para se cobrirem quando deixam suas casas.
A autora ressalta que os pontos de inter-relação entre a segunda e a terceira Sura referidas aqui é o requerimento social da modéstia feminina, dado ao que se entende por perigo da sexualidade feminina e o estrito controle sobre as vestimentas femininas requeridas para os espaços públicos mais do que para os contextos privados ou domésticos (p. 145).
Há três distintas formas de vestir-se islâmico, segundo Watson: 1) distinguir-se da “natureza animal” e alcançar uma “sociedade humana civilizada” tapando a nudez; 2) “roupas finas” indicando status individual, riqueza e gosto pessoal; e, 3) o mais simbólico, a “túnica da piedade” sinalizando a inclinação religiosa (p. 145).
A interpretação metafórica pode ver a “túnica da piedade” como sendo um “estado de ser piedoso” que não é simplesmente realizado por uma forma específica de vestir. Vestir-se por si só não deve ser considerado como indicador de modéstia. Há instruções no Alcorão (7; 31) para isso “veste-se bem quando participa de sua mesquita” (p. 145).
Em fim, para entender como o véu é praticado, entendido e experenciado em qualquer contexto sócio-cultural e político é necessário, para autora, tentar relacionar os ideais islâmicos e as prescrições alcorânicas com as visões “nativas” de hijab e véu (p. 146).
Então o aparente paradoxo do retorno ao hijab entre as mulheres nos mundos públicos do emprego e da educação não é “anti-feminista”, mas um “feminismo ao reverso”, com sua conotação moral e política (p.151). Essa afirmação da autora pode ser também relativizada, pois há uma grande parte de mulheres que usam véu, algumas delas podendo ser chamadas de islamistas, que são absolutamente anti-feministas e há mulheres com véus que hoje se intitulam feministas islâmicas.
Para a autora, o entrelaçar dos conceitos secular e sagrado, representados por adoção do véu, também pode ser visto como uma reação contra o feminismo ocidental e ser parte de uma forma islâmica “autêntica/nativa” de protestos contra o poder e a dominação masculina nas esferas públicas (p.146).
A escolha pelo véu pode ser vista sob distintas interpretações, segundo a autora (p. 156):
a) como um caso clássico de “falsa consciência” e de reprodução ativa de sua própria dominação;
b) como uma conseqüência do empobrecimento da população associado ao processo social de secularização;
c) como um reflexo do sistema islâmico de subordinação da mulher;
d) como fazendo parte de tendências globais de reação contra as transformações consideradas caóticas e desafiadoras;
e) ou como parte de uma luta política e pessoal contra o status quo, tanto quanto como uma luta simbólica para melhorar as condições de existência.

Texto: WEISS, Anita M. Challenges for Muslim women in a postmodern world. In: AHMED, Akbar S & DONAN, Hastings (ed.) Islam, Globalization and Postmodernity. London: Routledge, 1994. P. 127-140

Por Gabriel M. Soares

Ao entrar no século 21, as sociedades muçulmanas estão enfrentando enormes dilemas culturais enquanto repensam, renegociam e, em alguns casos, reinventam a sociedade tradicional com tons modernos. O lugar da mulher neste processo é crucial, já que a ordem social muçulmana gira em torno de noções como respeito e honra, nas quais as ações das mulheres são centrais. As noções conflitantes sobre o lugar da mulher na nova ordem social estão trazendo conseqüências profundas para esfera social, política e econômica.
As restrições a mulheres, tanto físicas, quanto simbólicas, estão diminuindo letamente, embora de modo perceptível. Em alguns lugares estas mudanças são bruscas, em outros, são fruto de um processo gradual advindo tanto de necessidades de subsistência quanto pelas influências culturais externas.
Os pontos de partida da organização social das sociedades ocidentais e muçulmanas tradicionalmente são muito diferentes. Enquanto a primeira vê a função do estado mais como fruto da necessidade de se garantir estabilidade através do monopólio da violência, no pensamento social muçulmano, o estado existe para um propósito: criar um ambiente onde os muçulmanos possam praticar livremente sua religião. Entretanto, a influência de normas culturais externas está provocando ajustes destes valores muçulmanos.
As telecomunicações e a divisão de trabalho internacional estão mudando o mundo muçulmano de modo jamais precedido. Contatos anteriores não tiveram tanto impacto na esfera privada. Agora, a globalização integrou regiões distantes de tal forma que mesmo partes remotas do mundo se vêem pertencendo a uma única comunidade global. Esta chamada ‘supercultura’, que é vista por muitos no mundo como desejável, tem por base aspirações de consumo em comum, tanto de bens materiais quanto simbólicos.
Entretanto, esta “supercultura”, para alguns a “coca-colonização” do mundo, tem ensejado conflitos com outras culturas. Nas sociedades muçulmanas contemporâneas, este conflito se manifesta através de demandas por reformas educacionais em moldes ocidentais, por democracia participativa e justiça social em convívio com valores muçulmanos tradicionais em relação às relações de gênero e a jurisprudência. Isto relação é complicado pelos valores e concepções das culturais locais. A perpetuação dessas culturas locais impediu o surgimento de uma sociedade muçulmana monolítica e também limita o que pode ser dito sobre a existência, no presente ou no futuro, de uma sociedade muçulmana pós-moderna monolítica.
As relações de gênero na maior parte das sociedades muçulmanas têm partilhado algumas questões em comum. Uma delas é a necessidade em muitas áreas, de que a mulher complemente a renda com um trabalho remunerado. Outra é o aumento no índice de alfabetização tanto de homens quanto de mulheres. Além dessas questões, há também preocupações quanto ao controle populacional e a consciência dos efeitos de altas taxas de fertilidades sobre metas políticas nacionais. Programas de planejamento familiar, entretanto, freqüentemente entram em choque com as normas tradicionais prevalecentes. Por outro lado, o sucesso de tais programas em determinados lugares tem alterado a percepção do papel da mulher nessas sociedades.
Já a expansão de redes midiáticas globais tem permitido a mulher uma independência do homem para aquisição de informação, possível através desses meios diretamente do ambiente doméstico, especialmente em locais com baixo índice de alfabetização de mulheres. Em alguns lugares há também que buscam incorporar a mulher em seus projetos de desenvolvimento.
As demarcações das obrigações sociais de homens e mulheres para com suas famílias estão passando por alterações, principalmente pelo fato de mulheres incorporarem crescentemente para si essas obrigações tradicionalmente masculinas. Conseqüentemente, todas essas questões sobre fortalecimento de um gênero se associam intimamente ao uso ou não-uso do véu e a mudanças na mobilidade feminina.
Os detalhes das mudanças em curso podem variar de lugar para lugar, porém existem resultados comuns que estão mudando a percepção das pessoas e, em última instância, contribuindo para mudança social significativa no mundo muçulmano.
O caso das mulheres da cidade murada de Lahore é representativo de várias mudanças. Trata-se de uma sociedade tradicional, constituída de trabalhadores pobres (mercadores, artesãos, etc.), onde a maioria das famílias vive em residências de um ou dois cômodos, mas com uma densidade sete vezes maior que a das áreas metropolitanas de Lahore. A separação entre homens e mulheres (purdah) da tem sido um elemento essencial da vida cotidiana. A interação de mulheres com homens tende a se restringir aos membros mais próximos da família e se caracteriza por uma relação de servidão: limpar a casa, cozinhar, cuidar dos filhos, etc. Também está associada a ela a manutenção de relações sociais que estão ligadas ao casamento, nascimento, morte, e outros ritos identificados com o que o Islã considera pertinente a mulher. Homens não discutem nem com os amigos mais próximos questões de natureza pessoas associadas às mulheres de sua família.
A divisão de trabalho por gênero dentro da família decorre de uma combinação de questões econômicas e de status. A autoridade do homem pode não ser completa em decisões de economia doméstica, porém o é em termos das ações e da mobilidade das mulheres, visto que a mulher é considerada o repositório da respeitabilidade da família. Assim, a violação de uma norma social por um homem tende a ser vista de modo muito menos calamitoso do quando isto é feito por uma mulher. As meninas tendem a ser colocadas em reclusão a partir da puberdade, enquanto os meninos podem continuar vagando livremente.
Essas normas tradicionais estão passando por alterações substanciais principalmente ligadas ao acesso ao ensino e a incorporação de mulheres ao mercado de trabalho. As expectativas das mulheres das novas gerações têm refletido esta mudança, sendo que de modo crescente, muitas desejam ter sua própria renda, escolher seu marido e ter famílias menores. Isto tem levado a uma renegociação dos papéis tradicionais, tendo encontrado resistência por parte de muitos homens da classe trabalhadora. Já a elite, tanto homens quanto mulheres, tende a estar mais integrada a esses valores ligados a modernização.
As reações a estas mudanças têm muitas vezes as limitado, mas de um modo diferente. Enquanto as barreiras familiares para mobilidade da família têm sido erguidas, fora deste ambiente tem aumentado a violência contra as mulheres, ameaçando esta mobilidade. Algumas mudanças também estão relacionadas à insegurança em relação ao cumprimento do homem de seu papel familiar, como quando alguns homens emigram e abandonam suas famílias.
Todas essas mudanças nas relações de gênero, que quebram o contrato social tal qual estabelecido na jurisprudência islâmica, têm resultado em vários desafios e em confusão social. Confrontar estes problemas e reconhecer o aumento de poder das mulheres pode vir a fortalecer uma ordem social muçulmana rejuvenescida

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Palestra com Roxana Saberi Confirmada !


Será no dia 23 de novembro , terça feira, as 19h:30 min.

Local: Auditorio Freitas Nobre na ECA ( Bloco A )

Endereço: Av. Prof. Lúcio Martins Rodrigues, 443.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Relatório da Reunião do dia 28/10

Reunião do GT OMMM , 28/10/2010

A reunião ocorreu na sala 21 do prédio de História e Geografia contando com a presença dos seguintes pesquisadores: Cila Lima, Karin Fusaro, Augusto Veloso Leão, Gabriel Mathias Soares, Carolina A. de S. Ribeiro e Marina Galvanese.

Textos: A Mulher no Islã ; O Islã é...; “Breve Guia Ilustrado para Compreender o Islã”
Autores: Pete Seda, Abdel Azim e I.A Ibrahim



Apresentação: Marina Galvanese

Síntese da Discussão ( por Marina Galvaneze ) :


Os três textos sugeridos para leitura visam à divulgação do Islã, sendo facilmente encontráveis na internet, em diversas línguas. Os três autores (Pete Seda, Abdel Azim e I.A Ibrahim) são muçulmanos que têm por objetivo afirmar o Islã, apresentando suas principais crenças e respondendo aos principais ataques vindos do Ocidente.
Abdel Azim é autor de A Mulher no Islã – mito e realidade. É Ph.D em Engenharia pela Queens University, Canadá, e professor da Universidade do Cairo. A leitura do artigo “O Islã não está sozinho nas doutrinas patriarcais” do Historiador e Jornalista Gwyne Dyer deu a ele o ponto de partida para a escrita dessa obra. Ele procurou, por meio da leitura dos livros sagrados das três religiões (Cristianismo, Judaísmo e Islã), verificar qual é o tratamento dado à mulher em cada uma delas.
Pete Seda, autor de O Islã é..., é (segundo informações encontradas na internet) iraniano. Ele imigrou para os Estados Unidos em 1976. Em 1994, naturalizou-se americano e americanizou o nome. Ele é um estudioso do Alcorão e dá palestras pregando a paz e a tolerância religiosa. A primeira edição do texto é de 2004. “O Islã é...” introduz o Islã, explicando como surgiu essa religião, quais são as suas principais crenças e os principais pecados (como o politeísmo), explica os seis artigos de fé e como uma pessoa se torna muçulmana. Conta quem foi Mohhamad e o que é o Alcorão. Aborda temas polêmicos como as vestes islâmicas e a posição da mulher no Islã.
Sobre o autor do último texto “Breve Guia Ilustrado para Compreender o Islã”, I. A. Ibrahim, não foram encontradas maiores informações. Nele, o leitor encontra argumentos em defesa da verdade das palavras do Alcorão, os benefícios oferecidos pelo Islã ao indivíduo, como a salvação do inferno, felicidade real, paz interior e porta para o Paraíso. No terceiro capítulo ele fornece informações gerais sobre o Islã de forma breve e resumida.
A análise e apresentação dos textos se deu ainda com base em um quarto livro “L´Islam Mondialisé” (Paris: Éditions du Seuil, 2002) do francês Olivier Roy, estudioso das redes islâmicas no mundo. Roy estuda a passagem do Islã ao Ocidente por meio das migrações populacionais, e defende a tese de que houve uma “ocidentalização incompleta” desses indivíduos que buscam desenvolver sua religiosidade longe de uma evidência social capaz de impor um certo conformismo de crenças e práticas. É a partir dessa relação do Islã com o Ocidente que os textos foram analisados, já que todos os autores objetivam responder a críticas ocidentais feitas aos muçulmanos.
É em função desse diálogo com o Ocidente que os três textos abordam o tema da mulher no Mundo Muçulmano, reconhecendo que em muitos países de maioria muçulmana, os direitos das mulheres não são respeitados. Eles justificam esse desrespeito como um afastamento das práticas em relação à religião, defendendo, portanto, uma separação dos campos religioso e cultural. Assim, seria um equívoco culpar o Islã por essas práticas. Quem vai mais a fundo nessa questão é Abdel Azim, cuja obra tem por finalidade defender o Islã das acusações de chauvinismo feitas por ocidentais. Para tanto, ele procura mostrar que nos livros sagrados do Cristianismo e do Judaísmo a mulher não desfruta de grandes direitos. Não cabe aprofundar aqui todos os tópicos por ele discutidos nem todos os argumentos utilizados (muitos deles, questionáveis), mas atentaremos para um deles, presente também nos outros dois textos: o que se refere ao uso do véu. Esse tópico aprofunda o embate travado com o Ocidente e é discutido por todos os autores justamente pela condenação que países como a França fazem de seu uso por considerá-lo um símbolo maior da opressão da mulher. Todos os autores negam essa forma de compreender o véu, que seria um elemento de proteção da mulher, garantidor da modéstia e da não-degradação da sociedade. É a forma pela qual a mulher exige respeito. É interessante, nesse sentido, o que Roy diz sobre afirmação do Islã. Segundo ele, é necessário que se crie um discurso explícito e simétrico, que tome para si as categorias do Outro. Ou seja, a discussão acerca do véu não parte do Oriente, mas da ocidentalização, da presença de mulheres muçulmanas em países ocidentais.
Outro tópico abordado tanto no texto de Seda quanto no de Ibrahim é o terrorismo. Aqui mais uma vez, em função da idéia divulgada no Ocidente segundo a qual o Islã defende os atos terroristas. Esses autores argumentam que aqueles que praticam o terrorismo em nome do Islã não seriam verdadeiros conhecedores das palavras de Deus (transmitidas pela última vez pelo último dos profetas, Mohhamad), já que o Alcorão defende os direitos humanos.
Chegamos aqui a um terceiro ponto importante: a idéia de verdade religiosa. O título do livro de Seda ilustra essa crença de que existe apenas uma verdade religiosa. “O Islã é...”, como se houvesse um único Islã possível. Ibrahim, no primeiro capítulo do seu Breve Guia Ilustrado para Compreender o Islã, busca na ciência e em autoridades científicas a confirmação para os escritos do Alcorão. Ou seja, ele procura explicar racional e cientificamente, a fé. Ele busca na verdade científica tão difundida no mundo Ocidental desde o Iluminismo a confirmação para a fé e a justificativa para o crescimento e força dessa religião.
Com relação à busca por uma verdade religiosa, Roy diz que muçulmanos moderados se esforçam em mostrar que os seguidores de Bin Laden se afastaram do Islã e não sabem nada sobre ele. E prossegue dizendo que a questão não é saber exatamente o que diz o Alcorão, já que, como todo livro sagrado, está sujeito a leituras e interpretações. Como para eles, o verdadeiro Islã é aquele que apresentam, vêm uma dissociação entre práticas culturais e religião. A pergunta que fica é: até que ponto essas duas esferas podem ser separadas, como se fossem independentes uma da outra?
Para concluir, pode-se dizer que esses textos são a voz de muçulmanos que respondem a críticas e buscam se afirmar por meio de categorias do Ocidente.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

textos de Robert Fisk

O prof. Peter recomenda a leitura dos seguintes artigos de Robert Fisk:


The truth about 'honour' killings

A place of refuge from fear and guilt

The lie behind mass 'suicides' of Egypt's young women

One woman's nightmare, and a crime against humanity

Relatives with blood on their hands


Disponiveis em: http://www.independent.co.uk/opinion/commentators/fisk/robert-fisk-the-truth-about-honour-killings-2075317.html

Ou em: http://www.independent.co.uk/opinion/commentators/fisk/

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Palestra : A invasão israelense e a(s) guerra(s) do Líbano: geoestratégias em confronto (1982-87)


16/11 - Palestra : A invasão israelense e a(s) guerra(s) do Líbano: geoestratégias em confronto (1982-87) com Ramez Philippe Maalouf e Peter Demant como comentador . Anf. da História , as 19:30.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Próxima Reunião do GT : 28 de outubro na sala 21 do prédio da História e Geografia

Nosso próxima reunião será dia 28 de outubro na sala 21 do prédio da História e Geografia.

Texto para a próxima discussão: "Um Breve Guia Ilustrado para Compreender o Islã"
pp 50 – 66;

"O Islão é..."
27-28 (Livre Arbítrio)
29-29 (Compulsão Religiosa)
42-44 (Inovações)
50-53 (Pecado e Arrependimento)
59-61 (As Vestes Islâmicas)
62-63 (As Mulheres no Islam)
64-67 (Chauvinismo Masculino)
68-70 (Ciência e Tecnologia)
71-71 (Resumo)


"A Mulher no Islam"
Introdução (03-06)
Epílogo (74-81)

Estes textos iniciam a discussão sobre islamofilia, foram tirados dos livros de divulgação sobre o islã que tivemos contato com a visita a Mesquita Brasil - Sociedade Beneficente Muçulmana do Brasil. ( 20/07/2010). Eles já estão disponíveis para Xerox na pasta do GT no Xerox da Ana Paula ( Aguário ) no prédio da Historia e Geografia. A apresentação destes textos ficará a cargo de Natalia Nahas Carneiro Maia

Relatório da Reunião do GT de Setembro 2010

Reunião dia 16/09

A reunião ocorreu na sala 21 do prédio de História e Geografia contando com a presença dos seguintes pesquisadores: Carolina de Sá Ribeiro, Rodrigo Simon, Cila Lima, Gabriel Mathias Soares, Luciana Garcia, Marina Galvanese, Augusto Leão, Natalia Nahas Carneiro Maia.

Filme discutido: This is Not Iran

Apresentação e debate: Flávio Azm Rassekh

Principais pontos de discussão: O arquiteto e cineasta Flávio Azm fez uma breve apresentação sobre o Irã enfatizando sua história pessoal com fortes vínculos com este país. Ele diferenciou a cultura persa da cultura árabe discutindo a cultura do Irã em suas contradições lançando um questionamento quando ao caráter particularmente hipócrita da cultura persa. Em seguida exibiu-se o filme na sala 10 do prédio da História em caráter aberto e segui-se um debate polarizado na questão dos direitos humanos e no sistema jurídico iraniano.

Reunião informal com o pesquisador René Wildangel 22/09

Local: casa do prof. Peter

participantes: Carolina, Marina, Luciana , Augusto e Danilo


Principais pontos da discussão: O pesquisador René Wildangel apresentou em linhas gerais os resultados da sua pesquisa de doutorado defendida ja a alguns anos na Alemanha com intenso trabalho de campo em Israel e na Palestina. Seu trabalho investigou fontes primárias palestinas discutindo a aproximação entre lideranças arabes na Palestina com o Nazismo entre os anos 30 e 40. Segundo Wildangel apesar propaganda oficial bem organizada e dissiminada havia vozes descontenetes e que se opunham ao nazismo e que nao apresentavam a principio ninguem odio aos judeus que estavam naquela epoca migrando para a Palestina. Tal pesquisa discute desta forma se existiria uma suposta raiz antisemita desde do principio dos conflitos entre arabes e judeus em Israel.

sábado, 11 de setembro de 2010

GT exibira o filme This in Not Iran no dia 16/09 as 21h ( sala 10 do predio da História . USP )

Atividade do GT no dia 16/09 - quinta feira

Na quinta feira da semana que vem , dia 16 de setembro , teremos uma reunião do GT OMMM seguido de um evento aberto ao publico com a exibição e discussão do filme This is Not Iran com participaçado do diretor Flavio Azm Rassekh.

A programação deste dia sera a seguinte :


Das 19:30 as 20H - Reunião administrativa sobre as atividades do GT e sobre a Organização do Simposio em dezembro.

Das 20h as 21H - Conversa entre o pessoal do GT e o Flavio Azm Rassekh sobre o Irã

Das 21h as 22h - Exibição aberta do filme This is Not Iran seguido de debate com o Flávio.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Mudança na Programação do GT

1) Nossa conversa com um grupo de mulheres de Tehran foi adiado por motivos de segurança. Contudo estamos trabalhando para organizar algo sobre este tema . ainda nao definimos nomes nem o formato (em breve divulgaremos).

2) Nossa reunião do dia 23 de setembro foi adiantada para o dia 16 de setmebro (a bibliografia será divulgada em breve).

3) A discussão sobre O Libano com o Ramez P. Maalouf, será dia 18 de novembro , será um evento aberto ( com o titulo provisorio de A Invasão israelense e a(s) Guerra(s) do Líbano: geoestratégias em confronto (1982-87)) com coméntario do Peter R. Demant.

Relatório da Reunião do dia 19 de agosto

A reunião ocorreu na sala 21 do prédio de História da USP contando com a presença dos seguintes pesquisadores: Karin Fusaro, Natalia Nahas Carneiro Maia, Carolina de Sá Ribeiro e Cila





Texto discutido: MERNISSI, Fátima. Beyond the Veil: Male-Female Dynamics in Modern Muslim Society. Indiana Press, 1987.



Principais pontos de discussão ( por Cila )



Fátima Mernissi é marroquina, nasceu em Fez em 1940, socióloga, feminista e formada em Ciências Políticas nos EUA. Vários dos seus livros foram muito divulgados e traduzidos. Esse livro Beyond the veil, cuja primeira edição é de 1975 e última edição em 1987, é um dos mais importantes.

Muçulmana modernista propõe em algumas de suas obras novas interpretações para os ahadith (tradições escritas sobre atos ou dizeres do profeta), alegando que esses foram interpretados com tendências masculinistas. Para ela (1987: 8), a situação de subordinação da mulher no mundo muçulmano advém de uma junção dos valores ocidental-cristãos e os orientais e islâmicos.

Ela é radicalmente contra o uso do véu, considera-o como símbolo da segregação sexual e como um mecanismo para a “invisibilidade” da mulher nos espaços públicos.

Para ela o espaço como componente de sexualidade (ou a sexualidade como componente do espaço) (1987: XV), ou seja, o arranjo espacial no interior das casas e na divisão entre o público e o privado, é um dos mais importantes instrumentos de segregação sexual.

Na introdução desse livro ela faz uma severa crítica ao fundamentalismo, focando no seu chamado para o uso do véu, considerando-o como um sintoma de que as mulheres estão se modernizando. Esse enfoque da autora se deve a ela considerar que o chamado para o véu feito pelos fundamentalistas é um dos mais salientes eventos no fim dos anos 70 e 80, em dois planos: na dimensão factual e na dimensão latente (1987: XV). Ela considera a onda de conservadorismo fundamentalista uma afirmação sobre identidade (1987: VIII).

Nos dois primeiros capítulos (1987: 27-57) a sua linha teórica segue a estrutura binária de oposição entre Ocidente e Mundo Muçulmano e para Mernissi o Islã tem uma teoria mais sofisticada para os instintos, pois não se resume à polarização entre carne e espírito, bom e mal, instinto e razão. A série de leis islâmicas decide quais usos dos instintos são bons e quais são maus. Ou seja, na visão islâmica é o uso dos instintos e não eles próprios que é benéfico ou prejudicial à ordem social: se a agressividade e o desejo sexual forem aproveitados na direção correta, serve aos propósitos da ordem muçulmana; se suprimida ou usada incorretamente, elas podem destruir essa ordem (pgs. 27-28).

Mernissi menciona alguns autores muçulmanos que discutem a sexualidade no Islã, sendo eles: Imam Ghazali (1050-1111) cuja teoria é sobre o antagonismo entre desejo sexual e ordem social, ressaltando que o caráter divino da sexualidade é o da reprodução. (pgs. 29-30).

Qasim Amin (1863-1908, jurista egípcio considerado o primeiro feminista desse país, escreveu, entre outros, os livros A liberação das mulheres e A nova mulher (árabe, com tradução para o inglês)). A sua conclusão é que as mulheres são mais hábeis para controlar seus impulsos sexuais, então a segregação sexual é um dispositivo para proteger os homens. Ressalta o significado de Fitna (desordem ou caos) também como mulher bela (femme fatale). O autor elabora a dupla teoria das dinâmicas sexuais: contradição entre uma teoria explicita (a crença que o homem é agressivo em sua interação com a mulher e as mulheres passivas) e uma implícita (mulheres podem ser controladas para prevenir homens de serem distraídos das suas obrigações religiosas e sociais (pgs. 31-32)).

Abbas Mahmud al-Aqqad (escritor egípcio 1889-1964), que nos traz as mesmas informações que o Bouhdiba, por exemplo, a complementaridade dos sexos e a supremacia masculina (pgs. 32-33). Aqqad, endossando a teoria de Freud, conceitua a mulher como masoquista e que sofre da síndrome da castração.

Além de Freud ela menciona também George Murdock, antropólogo estadunidense (1897- 1985), cuja teoria é de que o mundo se divide em dois grupos de sociedades de acordo com a maneira de lidar com os instintos sexuais: o primeiro utiliza dispositivos de forte internalização das proibições sexuais durante o processo de socialização; o segundo utiliza precauções externas garantidas como regras de abstenção. A Ocidental é do primeiro tipo e as sociedades que usam o véu do segundo tipo (pgs. 30 a 31).

Para Mernissi, há a concepção de que a mulher é “passiva”, nas sociedades em que não há sistema de reclusão, por exemplo, nas ocidentais; e há a concepção de que a mulher é “ativa”, nas sociedades em que há um sistema de reclusão, por exemplo, nas muçulmanas (pgs. 30-31).

Nas páginas seguintes desses capítulos apresentados o que mais chama a atenção é a preocupação das leis islâmicas com os mais variados detalhes das performances pessoais, sobretudo das relações sexuais, as quais são realizadas sob preceitos ritualizadores no intuito de permanecerem com o que acreditam ser uma proximidade com Deus.





Próximo encontro: 16 de setembro ( bibliografia a definir em breve )

sábado, 14 de agosto de 2010

Relatório - Reunião do dia 5 de Agosto de 2010

A reunião ocorreu na sala 21 do prédio de História da USP contando com a presença dos seguintes pesquisadores: Gabriel Mathias Soares, Karin Fusaro, Natalia Nahas Carneiro Maia, Carolina de Sá Ribeiro e Augusto Augusto Veloso Leão.

Texto discutido: Abdelwahab Bouhdiba, A Sexualidade no Islã, Cap. 4 – A Fronteira dos Sexos e a conclusão ( texto apresentado por Carolina A. de S. Ribeiro)

Próximo Encontro: 19 de agosto ( sala 21 prédio de História , das 19:30 as 21:30)
Texto para discussão : Fatima Mernissi, Beyond the veil: Male-Female dynamics in modern Muslim society. Bloomington and Indianapoli, 19087 (1975, 1st)
1. the Muslim concept of active female sexuality (pp. 27-45);
2. regulation of female sexuality in the Muslim social order (pp. 46-50, 58-60);
6. Husband and wife (108-120). A apresentação será feira por Cila .

Livro de Caldwell, capitulo : Rules for sex.

Parte 2

Principais pontos de discussão ( por Carolina S. Ribeiro)
Abdelwahab Bouhdiba – A Sexualidade no Islã
4. A Fronteira dos Sexos
O Islã supõe uma harmonia entre os sexos masculino e feminino no sentido de uma complementaridade. E é nessa harmonia necessária e também desejada que se pressupõe a separação dos sexos.
A diferenciação – masculino e feminino – determina a bipolaridade do mundo, o qual só encontra a sua unidade quando a harmonia está em plenitude.
Diferentemente da visão ocidental em que essa “harmonia” só pode ser alcançada na medida em que todos têm os mesmos direitos e deveres independente de gênero, para o Islã a harmonia se dá na medida em que cada gênero assume a sua condição sexual que fora determinada por Deus. Nesse sentido o homem assume a sua masculinidade e a mulher a sua feminilidade, e o mundo estaria em harmonia não porque todos são iguais, mas justamente porque são diferentes e se complementam.
Sob o aspecto de que a harmonia é o mundo em ordem, portanto de acordo com a vontade de Deus, tudo o que está fora desse quadro ordenado é visto como “desordem” e fonte do mal.
Nessa lógica em que as ações características de cada gênero tomam ares sacralizados (pois, como fora dito, constituem o desejo divino), “o desvio sexual é revolta contra Deus”.
“O Islã permanece violentamente hostil a todas as outras formas de realização do desejo sexual que são desnaturadas, pois elas vão pura e simplesmente contra a harmonia antitética dos sexos. Elas violam a harmonia da vida, afundam o homem na ambigüidade, violam a própria arquitetura cósmica.” (p. 49)
Em diante, o que faz o autor é apontar as representações de cada gênero, ou seja, como o homem expõe a sua masculinidade e a mulher expõe (ou não expõe) a sua feminilidade, e como os chamados “desvios” são assim considerados por romperem com a ordem.
• Zinà – (sexo extra-marital) Não viola a ordem do mundo no sentido de que permanece a complementaridade do masculino e do feminino, mas rompe com as modalidades dessa ordem, com os limites fixados por Deus.
• Homossexualismo – Extremamente condenado. No entanto a homossexualidade feminina é tratada com mais indulgência.
• Incesto – Assemelha-se ao zinà na medida em que é abominado mas também não extrapola a ordem fundamental do mundo (masculino – feminino), diferentemente do homossexualismo.
“É que o grande tabu sexual do Islã não é tanto não respeitar uma relação de parentesco [incesto] quanto violar a ordem do mundo, a bipartição sexual e a distinção do feminino e do masculino. Mais que uma depravação, mais que uma procura de um prazer refinado, a homossexualidade é contestação da ordem do mundo tal como quisera Deus e que fora fundada na harmonia e na separação radical dos sexos.” (p. 51)
• Travesti – Indica a confusão profunda da sexualidade e uma recusa em assumir a condição do seu gênero. Chamado de hermafrodita psicológico.
Problematiza a questão do hermafrodita “verdadeiro” ante a indefinição do seu lugar na ordem do mundo.

A delimitação rigorosa das fronteiras entre o masculino e o feminino é, enfim, necessária para que se atinja (ou mantenha) a harmonia. Desse modo a regulamentação das vestimentas marca a dicotomia sexual: para além da sua função utilitária a vestimenta torna-se uma ética.
Oposição entre barba e véu: barba – símbolo da virilidade; véu – símbolo da feminilidade. Mas a primeira como algo a ser exposto à sociedade, como uma prova da assunção de sua condição sexual e, muitas vezes, da posição social do indivíduo. E o segundo dissimulando a feminilidade que só deve ser mostrada ao cônjuge.
Olhar: “última fortaleza da fronteira entre os sexos” (p. 56). Algo não tão controlável e por isso mesmo objeto de recomendações restritivas. Implica toda uma idéia de intimidade.

Parte 3

Conclusão: Crise da sexualidade e crise da fé no atual mundo árabe-muçulmano

“Esses diversos ajustamentos históricos fizeram, pois, com que a ética sexual vivida pelos muçulmanos e a visão do mundo pressuposta por essa ética tivesse cada vez menos relação com as generosas declarações alcorânicas e maometanas.” (p. 303)
– O capítulo 4 se mantém no plano ideal. Apresenta a lógica de comportamentos e regras dentro do Islã no âmbito teórico, no ideal que a religião pretende. A conclusão ante aos “ajustamentos históricos” e ao distanciamento das declarações alcorânicas e maometanas detém-se na análise da sociedade, identificando as mudanças na lógica ideal do Islã a partir das leituras particulares do Alcorão pelas sociedades que se assentaram sobre a religião islâmica.
A colonização constituiu-se em um importante fator que levou a um ajustamento histórico. Ante a dominação do ambiente e do meio a reação do muçulmano foi a preservação da intimidade da família limitando a relação com o outro à exterioridade.
Desse modo mantida a identidade coletiva, a esposa, a mãe, a mulher muçulmana adquire papel central pois será ela a guardiã da tradição quando o marido deixa o ambiente dominado e adentra o lar em que tudo se mantém ordenadamente.
“Até o fim, pois, a ética sexual do Islã e os papéis que ela atribuía à mulher assegurarão uma função renovada e a mãe servirá de refúgio e de abrigo à identidade coletiva.” (p. 305)
Em seguida Boudhiba descreve os impactos sociais da modernidade na medida em que insere novas tecnologias e recria costumes e valores.
“As distorções da infeliz história dos países árabe-muçulmanos não se limitam, pois, apenas ao plano político. Elas também devem ser inferidas dessa odisséia de percepções de si mesmo como corpo, tendo que manter com a natureza e com o outro relações amplamente perturbadas por uma tecnologia terrivelmente indiscreta.” (p. 307)
No entanto toda a mudança advinda com a modernidade não representa, à mulher muçulmana, a adoção de novos costumes e valores, a adoção do progresso inevitável, mas na verdade a uma recusa do passado. Enfatiza-se na sociedade muçulmana a negação do antigo e não a afirmação do novo.
Visto que a emancipação sexual é a uma idéia da modernidade, aderi-la pressupõe a negação da tradição. Mas como fora dito a mulher se tornou pra sociedade muçulmana a guardiã da identidade coletiva assentada na tradição.
Descreve-se, adiante, uma série de situações envolvendo mulheres que escreveram à revistas femininas e determina-se ante ao desejo de viver da mulher árabe o terreno da sexualidade como o único válido para a liberação da mulher.
O autor conjuga a emancipação feminina à emancipação masculina, retomando a idéia de harmonia do capítulo 4. “A liberação da mulher passa pela liberação do homem. Esse é o preço que deve ser pago para que se realize a harmonia do casal, e, portanto, da sociedade.” (p. 314) Aborda, portanto, um assunto da modernidade sob aspecto da tradição.
Favorável a liberação sexual critica os modelos tradicionais e os importados como ambos andrólatras e atenta por uma batalha da modernidade em todos os níveis. Ultrapassa os limites de uma revolução sexual e clama para que se lute contra os privilégios também políticos, econômicos e financeiros.
Pontua a princípio uma crise sexual e religiosa, para, em seguida, determinar uma crise total da consciência humana. “Essa crise que testemunha a dificuldade que experimenta a sexualidade em se definir em um contexto no qual a modernidade é apreendida ao mesmo tempo como recusa de um inextinguível ontem e como a vontade de viver um amanhã que tarda um pouco a chegar.” (p. 323)
Retoma, finalizando, a questão da sexualidade:
- crise sexual como uma crise nas relações interpessoais na medida em que sexualidade é o diálogo com o outro.
- deixa clara uma crítica à modernidade e uma exaltação da tradição do Islã, entretanto sem medir ou refletir em formas práticas a essa realização.
“Organizando sobre uma base institucional o jogo sexual, introduzindo nele uma sofisticada dialética do público e do privado, do lícito e do ilícito, o Islã dava sentido positivo à sexualidade. Isto é, um sentido positivo a si mesmo e ao outro. Privando a sexualidade de seu mistério, eu me despojo de minhas próprias significações. Donde este erotismo sem alegria, sem odor, sem cor, sem sabor, e que apenas é bestialidade.” (p. 324-325)
“Nada nem ninguém nascem por geração espontânea, e em matéria de cultura o legado pode ser alienado, e as mais autênticas revoluções são sempre as que sabem reencontrar as profundas continuidades do amanhã com o hoje e com o ontem.” (p. 326)

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Cronograma do GT para o Segundo Semestre

As atividades que estamos planejando são:

19 / agosto – Discussão de textos ( Fatima Mernissi )



Semana entre os dias 30 de agosto e 3 de setembro : debate virtual com grupo de mulheres do Irã ( a confirmar )



23/ setembro – discussão de textos



04/ novembro – discussão de textos



16 ou 17 de novembro – Debate sobre Líbano com Ramez Philippe Maalouf ( comentário de Renatho Costa)[ a confirmar ]



7,8 e 9 de dezembro – Congresso do LEA [ a confirmar ]

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Leituras para o encontro do GT do dia 05/08/2010

Neste encontro o professor Peter indica a seguinte bibliografia:

Fatima Mernissi, Beyond the veil: Male-Female dynamics in modern Muslim society. Bloomington and Indianapoli, 19087 (1975, 1st)
1. the Muslim concept of active female sexuality (pp. 27-45);
2. regulation of female sexuality in the Muslim social order (pp. 46-50, 58-60);
6. Husband and wife (108-120).

Abdelwahab Bouhdiba, La sexualité em Islam. Paris: Quadrige / PUF, 1982 (1975, 1ère)
3. La frontière des sexes (pp. 43-57);
Conclusion: Crise de la sexualité et crise de la foi dans le monde arabe-musulman actuel (pp. 281-303). ( A versao em portugues ja esta disponivel no xerox / Aguário )

Pew Research center tem longa entrevista com Tariq Ramadam

Nesta entrevista feita em abril de 2010 , Tariq Ramadam fala sobre a proibição dos véus, do terrorismo islamico e da compatibilidade do isla com o Ocidente . Cf. em :

http://pewforum.org/Politics-and-Elections/A-Conversation-With-Tariq-Ramadan.aspx

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Relatório da Visita a Mesquita Brasil - Sociedade Beneficente Muçulmana do Brasil. ( 20/07/2010)

A visita ocorreu na terça feira dia 20 de junho de 2010 as 11h com a presença dos seguintes pesquisadores: Cila, Karin Fusaro, Natalia Nahas Carneiro Maia, Gabriel Mathias Soares e Carolina A. de S. Ribeiro.
A visita foi mediada pelo engenheiro Sr. Hosney que nos recebeu, mostrou a mesquita por dentro e nos falou sobre os preceitos básicos da religião muçulmana, sobre a história da Mesquita , tendo sido a primeira de São Paulo ( com obras iniciadas em 1929) . Em seguida recebemos a visita do sheikh, Abdel Hamid Mohamed Mohamed Aly Metwally líder religioso e responsável pela mesquita que, em árabe com a tradução do Sr. Hosney, nos explicou sobre as orações, sua importância, liturgia e dimensão sagrada. A conversa foi interrompida para o sheikh poder comandar uma reza com outras pessoas da comunidade que o aguardavam e se reinicio tendo abertura para nossas perguntas. Entre outras questões discutiu-se como é a comunicação entre o sheikh e os fiéis que não são fluentes em árabe; questionou-se quantas pessoas freqüentam a mesquita ( os dados não são precisos mas segundo o Sr. Hosney ultrapassa 500 pessoas nas orações de sexta a noite); perguntou-se sobre a relação do islã com as outras grandes religiões monoteístas; questionou-se sobre os dilemas contemporâneos enfrentados pelas religiões (falta de tempo, excesso de trabalho, oscilações na fé etc) e no final, o sheik foi convidado a comentar a proibição do uso do véu em lugares públicos aprovado e já em vigor em alguns países ( o sheik manifestou-se contrário a esta tendência de proibir o véu em lugares públicos pois em sua leitura tal proibição, além de ferir uma tradição muçulmana colocaria em risco a integridade física e moral das mulheres que, sem o véu, estariam expostas aos olhares e as más intenções dos homens).
A visita durou certa de 4h e tanto o sheikh Abdel Hamid Mohamed Mohamed Aly Metwally como o Sr. Hosney se mostraramm dispostos a nos receber novamente em ocasiões vindouras.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Revista de História do Museu Nacional tem dossiê sobre Judeus no Brasil

Exemplar de Julho de 2010 ( ano 5 numero 58) da revista de História da Biblioteca Nacional ( ainda disponível nas bancas) esta com um dossiê sobre os Judeus no Brasil. Mais informações em: http://www.revistadehistoria.com.br/v2/home/?go=edicao

Relatório da Reunião de Julho de 2010.

Reunião do GT OMMM , 1/07/2010.

A reunião ocorreu na sala 21 do prédio de História e Geografia contando com a presença dos seguintes pesquisadores: Cila, Karin Fusaro, Natalia Nahas Carneiro Maia, Claudia Crescente, Rodrigo Simon, Augusto Veloso Leão e Marcelo Freitas.

Temática discutida: O islã e a Europa: uma relação entre a excepcionalidade e a convergência



Apresentação: Peter R. Demant

Síntese da Discussão:
Nesta reunião o prof. Peter Demant fez uma apresentação sobre a relação entre o Islã e a Europa dando especial atenção para a discussão do caso da Holanda. Fez - se um panorama da expansão do islã na Europa (migrações, conversões e crescimento demográfico) chegando numa analise mais apurada do caso holandês onde a porcentagem de muçulmanos em relação a população total chega a ser a segunda maior da Europa. Diante destes dados discutiu-se como lidar com este crescimento da presença muçulmana. Diferenciou-se as abordagens do assimilacionismo ( característico por exemplo do caso Frances ) e do multiculturalismo ( típico do caso inglês) . Esta discussão levou ao tema da identidade. Existe uma identidade européia ? Existem identidades nacionais como a francesa, inglesa, holandesa ou italiana por exemplo? Neste ponto a presença muçulmana nos leva discutir a rejeição ou a integração desta identidade islâmica na cultura européia / ocidental mais ampla. E possível pensarmos numa Euro-Islã ( nos termos de Ramadan ) ou nos termos de Lijphart, em uma consciência compartilhada onde grupos étnicos distintos vivendo em comunidades distintas formam arranjos socias estáveis (como por exemplo ocorre em certa medida no Libano) . Toda esta discussão foi de certa forma complementada por uma apresentação e discussão da proposta do livro de Christopher Caldwell a partir da resenha critica de Kenan Malik, discussão que seguira no próximo encontro.





Próxima Reunião

05/ 08/2010 .

Indicação de Leitura:

Fatima Mernissi, Beyond the veil: Male-Female dynamics in modern Muslim society. Bloomington and Indianapoli, 19087 (1975, 1st)
1. the Muslim concept of active female sexuality (pp. 27-45);
2. regulation of female sexuality in the Muslim social order (pp. 46-50, 58-60);
6. Husband and wife (108-120).

Abdelwahab Bouhdiba, La sexualité em Islam. Paris: Quadrige / PUF, 1982 (1975, 1ère)
3. La frontière des sexes (pp. 43-57);
Conclusion: Crise de la sexualité et crise de la foi dans le monde arabe-musulman actuel (pp. 281-303). ( A Cila disponibilizará a versao em portugues)

As apresentações ficarão a cargo de:

Cila (Mernissi ) e Carolina (Bouhdiba)

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Indicação de Leitura do próximo encontro do GT em 01/07/2010

O Prof. Peter já disponibilizou no Xerox da Ana Paula / Aguario (da Historia) os fragmentos do livro de Christopher CALDWELL, Reflections on the revolution in Europe: Immigration, Islam, and the West. New York, etc.: Doubleday, 2009.

São eles: pp. 24-26, 82-107, 154-158, 166-173, 185-192, 200-205, 252-259, 289-299 3 307-312. Além de 2 capítulos inteiros que disponibilizei:
pp. 210-243 ch. 8 Rules for sex
pp. 328-249 e ch. 12 Survival and culture

Para uma leitura crítica/ complementar , o prof. Peter recomenda a leitura do texto de Kenan Malik:
http://newhumanist.org.uk/2093/book-review-reflections-on-the-revolution-in-europe-immigration-islam-and-europe-by-christopher-caldwell

Relatório da reunião do dia 10/6/2010 ( elaborado por Claudia Crescente)

ISLAMOFOBIA PERGUNTAS
Fallaci parece colocar todos os muçulmanos sem diferenciação num mesmo pacote. Entre seus argumentos islamofôbicos deveriamos discutir:
- o quanto islã e islamismo são diferentes (ou não)
- há ou não uma propensidade desproporcional no islã para se expandir e/ou usar violência?
- a adulação de Fallaci ao patriotismo norteamericano se justifica?
- a presença no discurso de Fallaci de conceitos orientalistas tais como a da imutabilidade da cultura islâmica e a ausência de racionalismo
- a relação entre islã, considerado como “invasão dos alienígenos” e imigração e terrorismo
- a imigração dos muçulmanos para a Europa pode ser comparada a dos europeus para os EUA?
- É razoável a reivindicacão que os muçulmanos na Europa devem se adaptar à civiliazação occidental?
- é crível a alegação de que os muçulmanos pretendem transformar o próprio ocidente?
- As intervenções da URSS e posteriormente dos EUA incluem um aspecto progressista?
- A separação ocidente/mundo muçulmano advogada por Fallaci é desejável e/ou viável?

Entre as críticas leventadas por Claudia, interessantes para serem discutidas:
- Fallaci é uma autoridade crível sobre assuntos muçulmanos?
- os EUA podem ser vistos como “patria-mãe da liberdade” já que existia ali escravidão?

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Lembrete: Reunião do GT dia 10/ junho de 2010

Caros Colegas

No dia 10 de junho , nesta quinta feira , as 19:30 teremos nossa reuniao do GT .
Esta previsto a discussão do texto da Oriana Fallaci : Rage and Pride. Disponível em : http://digilander.libero.it/september11/Oriana%20Fallaci.htm
Tambem esta previsto que a Claudia faça a apresentação desta texto.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Relatorio da Reunião ( com material de Natalia e Carolina)

Reunião GT OMMM , 06 maio de 2010 .

A reunião ocorreu na sala 21 do prédio de História e Geografia contando com a presença dos seguintes pesquisadores:, Karin Fusaro, Natalia Nahas Carneiro Maia, Carolina de Sá Ribeiro, Marcelo Silva de Freitas e Cila Lima .
Textos discutidos : Ibn Warraq, Why I am not a Muslim. New York: Prometheus, 2003 (1995,1st).pag.86-103,(Ch.4:“Muhammad and his message”). Robert Spencer, The Politically Incorrect Guide to Islam and the Crusades. Washington, D.C.: Regnery, 2005.
pp. 19-63 (cap.. 2: The Qur’an: Book of War, 3: Islam: Religion of War, e 4 Islam: Religion of Intolerance”) e pp. 221-231(Ch. 18: “The Crusade we must fight today”).
Apresentações: Carolina de Sá Ribeiro sobre Ibn Warraq e Natalia Nahas Carneiro Maia sobre Robert Spencer.
Resumo da discussão:

Ibn Warraq
• Pseudônimo (adotado em 1995) de um autor de pais muçulmanos, nascido na Índia (britânica) em 1946, mas que cresceu no Paquistão.
• Fundador do Instituto pela Secularização da Sociedade Islâmica. Seus trabalhos analisam a historiografia sobre o Alcorão e Maomé.
• As fontes o citam como agnóstico e partidário da idéia de que o Islã pode ser reformado. (Afirmação última que pode ser colocada à prova na medida em que suas posições parecem bastante extremadas, no sentido anti-muçulmano.)
Why I am not a Muslim?
• Cita uma série de estudiosos familiarizados com as fontes árabes: Margoliouth, Hurgronje, Lammens, Caetani / Cook, Crone, Wansbrough / Sprenger, Noldeke, Muir.
• O primeiro trabalho crítico sobre a vida do Profeta é de Gustav Weil (1843) o qual afirmava que Maomé sofria de epilepsia.
• Life of Mahomet – Muir (1856-61 - 4 vols.): baseia-se nas fontes muçulmanas originais. Dividiu a vida de Maomé em dois períodos: Meccan period e Medinan period. (Marca a história acerca da vida do Profeta, uma vez que os estudos posteriores serão tributários a essa divisão em dois períodos.)
• Meccan period: Maomé era motivado pela religião e buscava a verdade. / Medinan period: Maomé é corrompido pelo poder e ambições mundanas. (p. 87) A passagem de um a outro implica um juízo de decadência: de liberdade para intolerância; de persuasão para força.
• Citação emblemática: “Muir went on to say that so long as the Koran remained the standard of belief, certains evils would continue to flow: polygamy, divorce, and slavery strike at the root of public morals, poison domestic life, and disorganize society (...)” (p. 88)
• Caetani – em Medina Maomé tem consciência de sua superioridade, como se a Deus fosse dado um papel secundário, de auxílio do Profeta.
• Citação tendenciosa de Caetani: “(...) he [Maomé] was a member of a still half-savage society, deprived of any true culture, and guided solely by instintcs and natural gifts which were decked out by badly understood and half-digested religious doctrines of Judaism and Christianity.” (p. 88-89)
• Margoliouth – processo das revelações confirmam, possivelmente, epilepsia. / Sprenger – aparentes ataques de epilepsia são a chave para o caráter de Maomé.
• Franz Buhl – em Medina se revela o seu caráter não-atrativo em atitudes que compactuam com a idéia de ‘os fins justificam os meios’. Mas Buhl acredita que um idealismo anterior (Meccan period) se mantém mesmo remotamente em Medina. (p. 90)
• Na relação entre muçulmanos e judeus cita três diferentes posições que dividem os historiadores modernos: 1. Os que condenam o tratamento dado aos judeus pelos muçulmanos, e com os quais provavelmente Warraq concorda em vista da frase: “Those still left with a robust sense of right and wrong, historians (...) have condemned the savage tratment.” (p. 96) / 2. Os apologistas que exoneram totalmente o Profeta. / 3. Os relativistas que afirmam não de poder julgar outra época pelos padrões atuais.
• Warraq detém-se, principalmente, na argumentação dos relativistas, retirando-lhe (ou, pelo menos, tentando) a legitimidade. Pontua-se: ilógica inerente ao relativismo que clama uma verdade absoluta em sua proposição; se não se pode julgar outras épocas de forma negativa, também não se pode de modo a favorecê-la ou elogiá-la; é impossível escrever História em termos neutros; a idéia de que não se pode culpar uma pessoa por agir de acordo com o contexto de sua época é errônea uma vez que destitui o indivíduo de sua responsabilidade e imputa-a no período; é absurdo que não existisse a noção de bem e mal na Arábia do século VII.
• Por fim pretende provar um desvirtuamento moral (ou sexual) do Profeta citando o caso da esposa de seu filho adotivo, Zaynab, com a qual Maomé casa-se, e o caso da rebelião no harém em vista das relações do Profeta com a empregada de uma de suas esposas, Mary.
THE POLITICALLY INCORRECT GUIDE TO ISLAM – Robert SPENCER

Altamente avesso ao Islam, ao invés de atacar aos árabes muçulmanos em geral, como é mais comumente registrado, Spencer analisa as escrituras sagradas islâmicas, aliadas à exemplos históricos, que somente legitimariam a violência terrorista contemporânea.

 A carreira de Mohammed foi marcada por sangue e belicosidade. O Corão é igualmente violento e intransigente. É único entre as escrituras sagradas que aconselha seus fiéis a travar uma guerra contra os infiéis.
 Jihad é estar no campo de batalha, é o dever mais elevado de um muçulmano, levando à salvação. Jihad fi sabil Allah se refere especificamente a pegar em armas pelo Islam.
 Caso os idólatras se convertam ao Islam, ou paguem o zatak (contribuição dos muçulmanos) e a kizya (taxa aos não muçulmanos) a ordem é deixá-los em paz.
 Corão comanda os muçulmanos a travarem guerras com judeus e cristãos.
 É impossível espiritualizar os versos. Mohammed queria dizer estes versos de forma literal (registro histórico).
 É um mito que o Islam ensina tolerância e paz.
 Mito que a tomada de armas é somente em legítima defesa. Refutado uma vez que os fiéis são instruídos, após início do combate, a lutarem até o estabelecimento da hegemonia islâmica.
 Cancelamento dos versos no Corão: Os primeiros versos, de Mecca, mais tolerantes, são revogados pelos de Medina, posteriores e menos poéticos, mais violentos e intolerantes .
 Não há nada na Bíblia que se equipare as exortações islâmicas à violência. Mito refutado.
 O uso das passagens por Bin Laden é consistente com o entendimento tradicional. Judeus e cristãos modernos lêem seus textos sem interpretar as passagens como exortação à violência, e no islamismo o Corão é letra morta, e não existem séculos de tradição interpretativa os afastando do literalismo, como no ocidente.

 Ensinamentos de guerra não são pequena parte da religião, centralidade da jihad violenta no Islam. Promover a causa de Allah é a melhor ação de um crente. O foco de muitas das hadiths é também a guerra.
 Aos não-muçulmanos são oferecidas três escolhas: Conversão (convite) / Subjugação (Jizya) ou Guerra. Caso algumas das opções sejam acatadas, não se pode fazer mal ao inimigo. Jizya faz parte de um sistema de humilhação, inferiorizando não muçulmanos.
 A Jihad violenta contra infiéis não é doutrina marginal ou relíquia histórica: ainda é ensinada e um elemento constante da teologia islâmica majoritária – não é questionado ou relevado por seus fiéis.
 O Islam não é uma religião de paz que foi seqüestrada por uma pequena minoria de extremistas. Ao melhor, é uma religião de paz quando todos se tornarem muçulmanos, ou sujeitos ao Estado Islâmico.
 Guerra contra os infiéis não é uma deturpação do Islam – é repetidamente afirmada no Corão, ahadith, nos exemplos de Mohammed e nas leis islâmicas. Muçulmanos que procuram promover uma religião moderada, além de não existirem em números significativos, têm base teológica fraca, ou não falam o árabe. Onde muçulmanos e não muçulmanos coexistem pacificamente não é porque os ensinamentos foram reformados ou rejeitados, mas porque foram simplesmente ignorados, podendo, porém, ser relembrados à qualquer momento.

 Lei islâmica estabelece status de segunda classe para Judeus e Cristãos.
 O dogma inquestionável da tolerância islâmica ajuda a perpetuar a noção falsa de que o terrorismo islâmico é oriundo de queixas políticas e desequilíbrios econômicos.
 Dhimma: de acordo com as leis islâmicas, cristãos e judeus são dhimmis (protegidos ou culpados). Protegidos, pois por serem povos do livro, se diferenciando, portanto, dos pagãos e idólatras. E culpados, pois rejeitaram Mohammed como profeta e distorceram as legítimas revelações. Sob Estados islâmicos devem ter status inferior aos muçulmanos, vivendo sob fortes restrições e opressão. Exemplos de Dhimma: intolerância histórica e Sharia.
 Bin Laden e outros wahabitas são mencionados como figuras que ainda defendem o status de inferioridade à judeus de cristãos. Dhimma ainda é aplicada onde há sharia: Ira e Arábia Saudita. Além disso, não é algo do passado: está sempre presente nos livros dos muçulmanos.
 Idéia de que Judeus viviam melhor nas terras muçulmanas que na Europa Cristã é falsa.
 O Islã também denigre e desvaloriza as culturas pré-islâmicas de seus próprios países.

 Islamização crescente da Europa: através da imigração massiva e políticas oficiais de acolhimento, abdicação cultural da Europa. Mesmo cenário é anunciado para os EUA.
 Não se trata de uma guerra entre cristianismo e islamismo, mas um reconhecimento geral de que já estamos em guerra, e que o ocidente deve se defender, ao invés de se desculpar. A guerra contra sharia é a favor dos direitos humanos, originários do ocidente e negados pelo islam.
 Recomendações aos Estados Unidos: Identificar o inimigo / Suspender imediatamente toda forma de ajuda a qualquer país que apoiar o terrorismo e até que garantam igualdade total de direitos a qualquer cidadão não muçulmano / Reconfigurar todas as alianças globais nas mesmas bases - relações requer renúncia à jihad / Cultivar relação mais estreita com países vitimas da Jihad / Encontrar fontes alternativas de energia / Cidadania Informada: ler o Corão / Reportar ativistas responsavelmente sem medo oficial de vitimizar os muçulmanos / Reclassificar organizações religiosas muçulmanas/ Ter orgulho da cultura ocidental. Extirpar o ethos multiculturalista dos livros de escola / Ocidentais não são vilões, mas vítimas, dispostas a matar para defender suas famílias e casas como numa cruzada.
Pauta para próxima reunião

A reunião esta marcada para o dia 03 de junho as 19:30 na sala 21 do prédio de história e esta prevista a discussão do texto Oriana Fallaci : Rage and Pride. Disponível em : http://digilander.libero.it/september11/Oriana%20Fallaci.htm. A apresentação deste texto ficara a cargo de Claudia Crescente.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

LEA / /GT OMMM promovem debate sobre Intolerância no Oriente Médio

Intolerância no Oriente Médio



Palestrantes:



Peter Demant (Departamento de História e

Instituto de Relações Internacionais da USP)

Israel, Palestina e Irã: É possível a coexistência?



Flavio Azm Rassekh (cineasta pós-graduado pela Universidade

da Califórnia (UCLA) e especialista em Irã)
A Violação dos Diretos Humanos no Irã



Ania Cavalcante (Dept. Holocausto e Antissemitismo do

LEI-USP e Profa. de Holocausto do Yad Vashem de Israel)
A Negação do Holocausto no Irã



Coordenação: Ariel Finguerut (LEA-USP)



Terça-feira, 27 de abril, às 19:30 horas

Local: Auditório Paulo Emílio, Prédio Central da ECA-USP (2. andar)

Av. Prof. Lúcio Martins Rodrigues, 443 – Cidade Universitária


Organização: GT Oriente Médio e Mundo Muçulmano do LEA-USP

Evento gratuito e aberto a todos. Informações: Tel: 3091-3150 / Email: aniac@usp.br

Revista Litteris tem Dossiê sobre Estudos Àrabes e Islâmicos

Veja o dossiê em: http://revistaliter.dominiotemporario.com/page_22.html

terça-feira, 20 de abril de 2010

Relatório da Reunião do GT do dia 08/04/2010

A reunião ocorreu na sala 21 do prédio de História e Geografia contando com a presença dos seguintes pesquisadores: Gabriel Mathias Soares, Karin Fusaro, Natalia Nahas Carneiro Maia, Carolina de Sá Ribeiro, Claudia Crescente, Sarah Sette, Augusto Veloso Leão e Marcelo.
Texto discutido: Walter Laqueur, “The Origins of Fascism: Islamic Fascism, Islamophobia, Antisemitism”
Disponivelaem:
http://www.laqueur.net/index2.php?r=2&rr=4&id=49
Filme discutido: Fitna , dirigido por Geert Wilders. Disponível em :
http://www.themoviefitna.com/fitna-the-movie/

Apresentações: Carolina de Sá Ribeiro sobre o filme Fitna, Ariel Finguerut sobre a nova direita européia e Karin Fusaro sobre o texto de Walter Laqueur.

Principais pontos de discussão: Na discussão do filme Fitna salientou-se seu caráter radical de perfil anti-muçulmano com forte relação com o contexto holandês do inicio do século XXI. Quando 1/5 da população holandesa é composta por estrangeiros o filme nos permite pensar como a Holanda convide com os muçulmanos. Entre políticas restritivas e integracionistas o caso holandês nos serve para discutir em linhas gerais o problema muçulmano na Europa. Esta discussão contextualizou o quadro apresentado sobre a nova direita européia onde se destacou as diferentes “direitas” que encontramos na Europa e como a nova direita nascente nos anos 60, principalmente na França, dialoga com o “problema muçulmano” hora discutindo a identidade européia, hora discutindo uma cultura europeu. Neste sentido destacou-se a leitura anti-União Européia, organicista e comunitária da Europa com estreito dialogo com intelectuais do ecologismo e com certa apropriação da leitura de Gramsci do papel dos intelectuais na sociedade e vida política. Já na discussão sobre Walter Laqueur , Karin Fusaro destaca que : o texto de Walter Laqueur discute o emprego e a eficiência das terminologias islamofacismo (ou fascismo islâmico), islamofobia e antissemitismo, apontando sua análise para um problema de definições que, segundo ele, seria fruto de uma generalização de conceitos e anacronismo histórico.

Islamofascismo
No livro Facism: past, present, future (Oxford University Press, 1996), Laqueur já apontava o uso impreciso do termo fundamentalismo. A expressão, que hoje representa qualquer movimento radical que tenta impor suas crenças por meio da força, não é, segundo Laqueur, um “monopólio islâmico”, pois está presente também no cristianismo e no judaísmo, entre outras religiões. Sua forma extremada leva ao terrorismo político, como no caso de assassinatos praticados nos EUA por ativistas antiaborto (o último foi contra um médico no Kansas, em maio de 2009), o Kahanismo (movimento da extrema direita sionista cujo braço político, o partido Kach, foi banido do Knesset em 1988) e os ataques de hindus contra os muçulmanos na Índia. Fundamentalistas têm exercido pressão sobre os governos seculares na América, Europa e Ásia, mas é no mundo muçulmano que os radicais adquiriram posições políticas e poder suficientes para se fazer notar, como na Argélia e Afeganistão.

Ao longo do século XX houve alguma discussão sobre a possibilidade de existir um movimento fascista com elemento religioso. Acabou prevalecendo o argumento de que a combinação fascismo + religião seria incompatível, pois ambos têm caráter holístico. No entanto, Laqueur afirma que para alguns movimentos muçulmanos radicais não é difícil combinar o fanatismo religioso com a militância nacionalista, como é o caso do governo iraniano sob Mahmoud Ahmadinejad.

Apesar de as pesquisas remeterem a origem do termo “islamofascismo” ao orientalista francês Maxime Rodinson e ao inglês Malise Ruthven, Laqueur acredita que o autor Manfred Halpern foi o primeiro a utilizá-lo, em 1963. No livro Politics of social change in Middle East and North Africa, Halpern escreveu que os “movimentos totalitaristas neoislâmicos são essencialmente fascistas” e que mobilizam paixão e violência para aumentar o poder de seu líder carismático.

Laqueur acredita que existem, sim, elementos comuns entre o fascismo e os movimentos muçulmanos radicais (populismo, antiocidentalismo, antiliberalismo, antissemitismo, agressividade e expansionismo). No entanto, o fascismo é um fenômeno europeu e outros regimes autoritários fora da Europa tiveram muitas especificidades. Para ele, os movimentos muçulmanos fundamentalistas seriam pós-fascistas, com a ressalva de que o termo exagera o papel da Europa em seu surgimento e formação. No caso do Irã de hoje, o regime estaria mais para um novo populismo e forma oriental de despotismo do que para fascista.

Um forte argumento contra o uso do termo fascista para regimes muçulmanos é de que ele seria ofensivo, especialmente para os árabes. A ironia apontada por Laqueur é que os termos liberal e secular causam recusa maior já que a conotação negativa dos termos fascismo e nazismo é a interpretação ocidental a partir dos efeitos nefastos provocados por estes regimes na Europa.

Islamofobia
Usado para designar a discriminação de muçulmanos nas sociedades ocidentais, islamofobia é um termo tão dúbio quanto islamofascismo. Em primeiro lugar porque, para Laqueur “não existe medo do Islã nos países ocidentais”. Segundo ele, aqueles que acreditavam que o Islã era um bloco homogêneo deixaram de fazê-lo ao ver as disputas entre sunitas e xiitas no Iraque. Para ele, defender que os muçulmanos são alijados das sociedades ocidentais é um argumento que os religiosos radicais utilizam para manipular seus fiéis.

Por diferentes razões, islamistas radicais também criticam o uso da palavra islamofobia. Um linha defende que racismo anti-islâmico é mais adequando. Para Laqueur este argumento contém a ideia absurda de uma “raça” muçulmana que agregaria fiéis de regiões como Kosovo, Senegal, Indonesia, Grã-Bretanha, França e Estados Unidos. Uma segunda corrente afirma que os muçulmanos são atacados enquanto grupo étnico-religioso, que o preconceito seria baseado não no tom da pele, mas em noções de superioridade cultural.

Para Laqueur, o mais corretor seria afirmar que o mundo hoje carrega o terrorfobia, que seria o medo doentio de movimentos extremistas tentarem impor sua lei religiosa e estilo de vida ao resto do mundo. Ele argumenta que a xenofobia (ataques contra imigrantes) nos países europeus não têm base religiosa. Apesar de não negar a existência de conflitos e tensões entre muçulmanos e não muçulmanos, para Laqueur o uso do termo islamofobia pretende atribuir responsabilidade e culpa aos grupos que rechaçam o Islã radical.

Antissemitismo
A palavra que dá a ideia de uma oposição ao semitismo é usada de forma bastante infeliz. Ela é usada para designar uma hostilidade contra judeus enquanto povo, religião ou grupo cultural. Entretanto, semitismo é um termo mal apropriado da lingüística, pois semítico é um tronco lingüístico de onde se originaram idiomas como o fenício, árabe e hebraico. Portanto, não existe uma religião ou um povo semita. Na lógica da apropriação do termo, muçulmanos argumentam que não poderiam ser antissemitas já que são semitas.


PAUTA PARA A REUNIÃO DE 6/05/2010
- discussão dos textos: Ibn Warraq, Why I am not a Muslim. New York: Prometheus, 2003 (1995,1st).pag.86-103,(Ch.4:“Muhammad and his message”).
O livro se encontra na biblioteca da FFLCH, e os capitulos estão xerocadas num pasta no Xerox da Ana Paula [COPIADORA AQUÁRIO]/ Prédio de História. Robert Spencer, The Politically Incorrect Guide to Islam and the Crusades. Washington, D.C.: Regnery, 2005.
pp. 19-63 (cap.. 2: The Qur’an: Book of War, 3: Islam: Religion of War, e 4 Islam: Religion of Intolerance”) e pp. 221-231(Ch. 18: “The Crusade we must fight today”). Oriana Fallaci Rage and Pride (29-9-2001) está disponível em tradução inglesa:
http://digilander.libero.it/september11/Oriana%20Fallaci.htm. Os seminários ficaram a cargo de Claudia Crescente , Nathalia e Carolina.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Próximas atividades do LEA

A próxima palestra do LEA será realizada na quarta-feira, dia 28 de abril, às 18:30h. no Auditório do Departamento de História da USP. O professor Angelo Segrillo, co-coordenador do LEA-USP, com formação pela UFF e pelo Instituto Pushkin de Moscou, ministrará a palestra "O Fim da URSS e a Nova Rússia" analisando os processos históricos naquele país nas últimas décadas com base na trilogia de livros que escreveu sobre o assunto: "O Declínio da URSS: um estudo das causas" (ed. Record), "O Fim da URSS e a Nova Rússia" (ed. Vozes) e "Rússia e Brasil em Transformação" (ed. 7Letras). No evento será também lançado oficialmente o número 1 do boletim eletrônico "Observatório da Ásia", no qual pesquisadores do LEA analisam a conjuntura histórica atual de diversas regiões e países da Ásia.



A próxima reunião do GT "Rússia e Ásia central" e do GT "Ásia Geral" será realizada na quarta-feira, 5 de maio, na nova sede oficial do LEA (que se encontra ao lado da sala dos alunos de pós-graduação de História): a reunião do GT "Rússia e Ásia central" será das 18h às 19:30h e a do GT "Ásia Geral" das 19:30h. às 21h. Nesses GTs cada pesquisador tem um projeto de pesquisa individual próprio sobre algum país ou tema da Ásia (geralmente o projeto é escrever um artigo acadêmico ou ensaio individual sobre o assunto), além de realizarmos uma discussão conjunta comum. Assim, para esta reunião do dia 5 de maio quem vier deve trazer o seu projeto de pesquisa individual mostrando os progressos que fez nele desde a última reunião do GT. Para a discussão comum, cada um deve trazer em forma impressa o boletim "Observatório da Ásia" (que estará disponível online no dia 28 de abril ou pouco antes), escolher o artigo ali sobre o país que analisa individualmente e trazer subsídios (textos ou artigos extras) que analisem criticamente ou sob luz alternativa ao do boletim os acontecimentos naquele país alvo nos últimos meses.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Indicações Bibliograficas para o encontro do GT no dia 08/04/2010.

Walter Laqueur, “The Origins of Fascism: Islamic Fascism, Islamophobia, Antisemitism” Disponivel em:
http://www.laqueur.net/index2.php?r=2&rr=4&id=49

Oriana Fallaci, “Rage and Pride“ Disponível em: http://digilander.libero.it/september11/Oriana%20Fallaci.htm

E como leituras complementares:


Cathy Young , “The Jihad Against Muslims” Disponível em:
http://reason.com/archives/2006/06/06/the-jihad-against-muslims

E mais os textos disponíveis em:

http://en.wikipedia.org/wiki/Islamophobia#cite_ref-59

http://www.slate.com/id/2176389/

http://www.guardian.co.uk/media/2007/jan/25/broadcasting.race

http://www.dhimmitude.org/archive/by_lecture_10oct2002.htm

As apresentações dos textos ficarão a cargo de Karin Fusaro e Claudia Crescente. Karin fará do texto de Walter Laqueur e Claudia de Oriana Fallaci. Lembrando que neste encontro teremos também a continuação da discussão sobre o filme Fitna e uma breve apresentação sobre a nova direita européia (Ariel).

Exibição do filme: Obsession: Radical Islam's War Against the West” (Wayne Kopping, 2005)

O professor Peter convida a todos os pesquisadores do GT a assistir ao filme que será exibido no dia 08/04/10, dentro das atividades da disciplina “ Choque das Civilizações”, 16h na sala A7 da FEA-1 .

segunda-feira, 22 de março de 2010

Debate sobre o papel do Lula e do Brasil no Oriente Médio ( com o prof. Peter Demant )

Programa gravado pela Globonews, foi ao ar no dia 21 de março de 2010 . Alem do prof. Peter teve a participação dos profs. Roberto Abdenur e Gunther Rudzit.

Veja em: http://globonews.globo.com/Jornalismo/GN/0,,MUL1538619-17665,00-QUAIS+AS+CONQUISTAS+DE+LULA+COMO+MEDIADOR+NO+ORIENTE+MEDIO.html

Relatório da Reunião do GT OMMM , 04/03/09.

A reunião ocorreu na sala 21 do prédio de História e Geografia contando com a presença dos seguintes pesquisadores: Gabriel Mathias Soares, Karin Fusaro, Cila Lima, Natalia Nahas Carneiro Maia, Carolina de Sá Ribeiro .

Texto discutido: Ian Buruma sobre Tariq Ramadan: Tariq Ramadan Has an
Identity Issue” no New York Times de 4-2-2007.

Filme discutido: Debate entre Tariq Ramadan e Ayaan Hirsi Ali sobre islã e islamofobia.
http://www.tariqramadan.com/spip.php?page=multimediaen

Apresentações: Natalia Nahas Carneiro Maia sobre Tariq Ramadan e Carolina de Sá Ribeiro sobre o debate entre Tariq Ramadan e Ayaan Hirsi Ali.

Principais pontos de discussão: Sobre Tariq Ramadan destacou-se e discutiu-se sua ambigüidade como intelectual muçulmano radicado na Suíça que aceita as instituições e a cultura europeu e ao mesmo tempo afirma-se como defensor do islã e como muçulmano praticante. Para Ramadan o ponto central seria a necessidade dos muçulmanos europeus deixarem de pensar como minorias e lutarem por uma cidadania plena. Esta aproximação do mundo muçulmano com a cultura européia para Ramadan seria natural numa leitura universalista do que é o islã .
Sobre o debate entre Ramadan e a ex-muçulmana holandesa de origem somaliana Ali destacaram-se as diferentes abordagens sobre o islã. Por um lado Ali olhando para o islã de fora teria uma leitura pessimista destacando as perdas dos direitos individuais. Já Ramadan olhando como muçulmano e europeu destacaria a necessidade (e seu papel neste processo) de mudar as mentalidades dentro do islã. Fazendo esta ponte entre o tradicionalismo muçulmano e a cultura européia , Ramadan acredita que é possível uma integração do islã a cultura européia.
Um outro ponto discutido a partir do debate foi a relação entre o Estado e a Religião debatendo como o islã se assemelha ou se diferencia de outras religiões neste ponto. Esta discussão também nos levou ao debate sobre o conflito entre direitos individuais e ideologias coletivistas. Até que ponto o estado secular responde as certas necessidades das pessoas e até que ponto um estado mais fundamentalista responde a outras necessidades individuais. Este debate não foi esgotado e servirá de ligação para o que foi proposto para a próxima reunião do GT:
PAUTA PARA A REUNIÃO DE 8-4
- Como a Europa olha para o islã? Com esta pergunta em pauta iremos retomar o tema da islamofobia discutindo as reações sociais , culturais e políticas da Europa em relação ao avanço do islã. Os seguintes pesquisadores se comprometerem a fazer apresentações de textos na próxima reunião: Karin Fusaro e Cláudia Crescente.

TEXTOS INDICADOS SEGUIRÃO NOS PRÓXIMOS DIAS

Leia artigo de Clovis Rossi sobre os impasses para a paz no Oriente Médio

Veja em: http://fontanablog.blogspot.com/2010/03/clovis-rossi-folha-de-sao-paulo-link_20.html

quinta-feira, 4 de março de 2010

Diretor iraniano Jafar panahi esta preso em Teerã .

Diretor premiado e considerado de oposição ao presidente Ahmadinejad foi preso em 03/03 sem maiores explicações. Veja mais em: http://bigsaf.newsvine.com/_news/2010/03/03/3973690-bbc-news-iranian-film-director-jafar-panahi-arrested

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Texto e os filmes para a discusão da primeira reunião de 2010 no dia 04 de março

Para nossa primeira reunião de 2010 a ser realizada no dia 4 de março das 19:30 as 21:30 o prof. Peter selecionou o seguinte:

Videos:

Debate entre Tariq Ramadan e Ayaan Hirsi Ali ( 25 min) sobre isla e islamofobia . Disponível em : http://www.tariqramadan.com/spip.php?page=multimediaen

Fitna, produzido por Geert Wilders, exemplo de islamofobia. Disponível em:
http://www.themoviefitna.com/?page_id=47
http://www.liveleak.com/view?i=216_1207467783

a transcrição do filme esta em :
http://creepingsharia.files.wordpress.com/2008/03/fitna-transcript-from-creepingsharia.pdf

E uma contextualização que serve como pano de fundo para se pensar o filme em : http://en.wikipedia.org/wiki/Fitna_(film)


Texto:


Ian Buruma sobre Tariq Ramadan: Tariq Ramadan Has an
Identity Issue” no New York Times de 4-2-2007,
http://www.nytimes.com/2007/02/04/magazine/04ramadan.t.html?_r=1




A apresentação sobre os filmes será feita pela Carolina Alberice de Sá Ribeiro e do texto ficara a cargo de Natalia Nahas Carneiro Maia.

E esperado que todos vejam os filmes e leiam o texto para a discussão no GT.
Nos encontraremos nas imediações do Departamento de História pouco antes das 19:30 para seguirmos para uma sala livre para nossa reunião.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Novo Museu sobre a História judaica nos EUA .

Museu tem inauguração prevista para novembro deste ano , na Filadélfia. Veja em: http://www.nmajh.org/

Veja tambem o video sobre o museu em: http://www.youtube.com/watch?v=DBmglA-yCCk

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Cronograma dos encontros do GT no primeiro semestre de 2010.

O Prof. Peter a principio estabeleceu as seguintes datas para os encontros do GT neste primeiro semestre de 2010:



- 4 de março
- 8 de abril
- 6 de maio
- 10 de junho
- 1 de julho


Os encontros serao sempre no Dep. de História da USP das 19:30 às 21:30 horas. O ponto de encotro é na sala do prof. Peter R. Demant no dep. de história .